Política de resíduos prevê fechamento de "lixões" a céu aberto até 2014. Foto: Arquivo/Douglas Jr./O Estado.
SÃO
LUÍS – Encerra-se, no próximo dia 2 de agosto, o prazo de dois anos
para que Estados e municípios apresentem, ao governo federal, planos de
ações e serviços de saneamento básico a serem adotado em cumprimento à
"Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos" (Lei nº 12.305/10). Como consequência à não elaboração do plano, Estados e municípios não receberá transferências voluntárias da União.
A
Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) tem como objetivo
organizar o tratamento do lixo e prevê, além da elaboração de planos de
resíduos sólidos nos Estados e municípios, o fechamento de "lixões" a
céu aberto até 2014. No lugar dos "lixões", deverão ser criados aterros
controlados ou aterros sanitários, que contam com o preparo no solo para
evitar a contaminação de lençol freático e captam o chorume – líquido
originado de processos biológicos, químicos e físicos da decomposição
dos resíduos orgânicos – e contam, ainda, com a queima do metano – gás
originado, também, pela decomposição de resíduos orgânicos – para a
produção de energia elétrica. Apenas rejeitos – como é conhecida a parte
do lixo que não pode ser reciclado, ou seja, apenas 10% dos resíduos
sólidos – poderão ser encaminhados aos aterros sanitários.
De
acordo com o cientista ambiental e doutor em Saneamento Ambiental,
professor Lúcio Macêdo, grande parte das cidades ainda não está
preparada para apresentar os planos de resíduos sólidos. Seis já contam
com um plano, sendo que, dessas, apenas cinco cidades irão apresentar
planos adequados ao que a lei determina. "Foi uma grande oportunidade
perdida pelo Estado de difundir a prática que é tão necessária, uma vez
que os resíduos, hoje, representam um problema seriíssimo para todas as
comunidades, principalmente as sedes municipais, a exemplo do que
acontece em São Luís", disse em entrevista ao Imirante na manhã desta quinta-feira (26).
O
assunto está em discussão no "Seminário de Sensibilização e Capacitação
sobre Política Nacional de Saneamento Básico", promovido pelo Consórcio
Intermunicipal de Desenvolvimento Regional dos Lagos Maranhenses
(Conlagos) e que ocorre no auditório da sede da Federação das Indústrias
do Estado do Maranhão (Fiema), em São Luís.
Limpeza pública
O
cientista ambiental explica que resíduos sólidos são todos os rejeitos
produzidos pela população, caracterizados como resíduos domiciliares; e,
ainda, produzidos por indústrias (tóxicos), hospitais (patogênicos, ou
seja, que podem provocar doenças), agricultura (também, tóxicos). A PNRS
trata do descarte adequado dos resíduos domiciliares, que representam a
maior parcela do lixo produzido pela sociedade. Em média, cada
indivíduo produz 700 gramas de resíduos por dia.
Para especialista, infraestrutura no tratamento de lixo deve ser apropriada. Foto: Arquivo/Flora Dolores/O Estado.
O
descarte adequado dos resíduos sólidos começa com o acondicionamento. A
legislação brasileira tem estimulado a coleta seletiva dos resíduos,
mas, segundo Lúcio Macêdo, é necessária toda uma infraestrutura
apropriada para isso. "Nós necessitamos não só de veículos apropriados,
mas, também, de condições de tráfego, inclusive de condições de
pavimento, de estradas. Tem que se ter uma solução com relação à
distância de transporte", diz. A nova PNRS estabelece que haja, no
máximo, 30 km entre a origem de produção de resíduos sólidos e o
destino, ou seja, o aterro sanitário.
Um
exemplo atual, citado pelo cientista, da incapacidade operacional no
descarte adequado dos resíduos em São Luís é o da construção civil. O
maior problema é a sensibilização das construtoras para o encaminhamento
dos resíduos para a estação de tratamento que funciona no Parque
Vitória.
O custo da limpeza
pública chega a R$ 230 por pessoa em alguns municípios maranhenses, ou
seja, algumas prefeituras chegam a comprometer, aproximadamente, 40% de
suas receitas com limpeza pública. O objetivo do plano é, também,
otimizar e reduzir esse custo para até R$ 30.
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